Diretor: Xavier Dolan
Diane Després (Anne Dorval) é surpreendida com a notícia
de que seu filho, Steve (Antoine-Olivier Pilon), foi expulso do
reformatório onde vive por ter incendiado a cafeteria local e, com isso,
provocado queimaduras de terceiro grau em um garoto. Os dois voltam a
morar juntos, mas Diane enfrenta dificuldades devido à hiperatividade de
Steve, que muitas vezes o torna agressivo. Os dois apenas conseguem
encontrar um certo equilíbrio quando a vizinha Kyla (Suzanne Clément)
entra na vida de ambos. (AdoroCinema)
Xavier Dolan é um jovem diretor bem conhecido por filmes ousados, que não se preocupa em "mostrar demais", em chocar o espectador, mas sempre com um cuidado bem especial em transmitir sua mensagem de uma maneira bem clara. Suas obras se assemelham a fábulas do mundo moderno que retratam vidas cotidianas e exploram ao máximo seus protagonistas. E Mommy não podia ser diferente.
Mommy tem uma particularidade técnica bem curiosa: uma grande maioria do filme é rodada na câmera em 1:1, ou seja, a câmera do filme é "quadrada", como se estivéssemos assistindo um vídeo no Instagram, por exemplo. O efeito dá uma sensação de claustrofobia que pode incomodar no início, mas logo o incomodo se esvai. Mas, como já foi dito, não é o filme todo que é rodado assim. Quando a câmera finalmente é aberta nós somos presenteados com uma cena que estará guardada na cabeça da maioria dos espectadores por um bom tempo. Uma cena aonde tudo faz sentido, aonde se entende o uso da câmera em 1:1, onde todo o "peso" do filme acaba. É uma daquelas cenas que você simplesmente não quer que acabe. Confesso que abri um sorriso de orelha a orelha. Foi realmente uma experiência cinematográfica fantástica.
A trilha sonora é bem interessante, contendo algumas músicas bem conhecidas como o clássico Wonderwall, do Oasis (que eu duvido que depois deste filme você irá encarar da mesma maneira) e Born to Die, da Lana del Rey, que encerra o filme. Tudo é muito bem calculado e toca no momento exato. Mas acho que o principal de se destacar em relação a trilha sonora é que não foram usados apenas alguns segundos da música, e sim a música completa, na maioria dos casos (e convenhamos, não é legal quando o filme corta na melhor parte da música...) quanto à trilha instrumental, conhecida como score, também é de exímia qualidade. Sempre bem leve e bem aplicada.
Mommy é uma obra repleta de detalhes, com alguns aspectos técnicos bem particulares que trata sobre uma gama enorme de assuntos, mas a crítica quase que subliminar dele em relação ao conceito de família foi o ponto alto do filme, que quebra paradigmas sociais de uma forma bem fluida e racional de uma forma pouco convencional e bem inteligente. Um prato cheio até para os cinéfilos mais exigentes!
-We still love each other, right?
-That's what we're best at, buddy.
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