domingo, 8 de março de 2015

Magia ao Luar (2014)

Magic in the Moonlight
Diretor: Woody Allen



Stanley (Colin Firth), um falso mágico com talento para desmascarar charlatões, é contratado para acabar com a suposta farsa de Sophie (Emma Stone), simpática jovem que afirma ser médium. Inicialmente cético, ele aos poucos começa a duvidar de suas certezas e se vê cada vez mais encantado pela moça. (AdoroCinema)
 
E (ano passado) chegou às telonas Magia ao Luar, mais um filme do clássico diretor Woody Allen, bastante conhecido por filmes bem humanos, belas fotografias, predominância de cenários externos, ótimas interpretações e várias sequencias de diálogos. E aqui não é nada diferente.

O "grosso" da história aqui é bem comum e bem clichê: um casal que não tem muita coisa em comum, mas deixam as circunstâncias de lado para entender um ao outro. Mas que com o toque Woody Allen, essa premissa já bem reutilizada se transformou em uma obra delicada e cheia de detalhes. Uma coisa muito importante e bem curiosa é o papel da magia no filme, que não é de impressionar o espectador. A magia é utilizada para apresentar dois lados de uma mesma moeda, opiniões bem conflitantes que resultam em vários diálogos bem interessantes, o que deu um tom mais realista pra obra.

Colin Firth e Emma Stone interpretam Stanley e Sophie, um casal bem antagônico. Ele é bem cético, com opiniões bem fechadas de tudo e de todos, e não tem nenhuma intenção de abrir sua mente para novas ideias. Já ela é bem espiritualista e acredita ser uma interlocutora de outros mundo, contactar com pessoas que já morreram e saber, misteriosamente, detalhes de qualquer pessoa apenas com um olhar. Os dois atores estão extremamente competentes, com papéis que realmente não são fáceis de interpretar. Mesmo tal fato não sendo uma surpresa, é sempre bom ver uma obra bem interpretada e muito bem escrita, que trouxe profundidade não só aos protagonistas, mas também a grande maioria dos coadjuvantes, faltando apenas um destaque maior ao personagem Brice (Hamish Linklater), mas nada que prejudique a qualidade da obra.

Como de costume a fotografia do filme é brilhante, com uma palheta de cores bem claras, que já viraram características das obras de Woody Allen. Temos, geralmente, paisagens bem claras, o predomínio de cenas externas e uma palheta de cores bem claras, assim como já vimos no trabalho mais recente do diretor. Uma fórmula que já definiu o "toque Woody Allen" em todos os seus filmes e que, provavelmente, não irá mudar tão cedo.

Magia ao Luar levanta questões interessantes a respeito de o que cada um pensa sobre misticismo e magia. Um filme bom, como já estão acostumados os fãs do diretor. O meu único receio é que esse costume acabe virando algo cíclico, repetitivo e, logo, algo frustrante. Woody Allen vem lançando um filme por ano desde 2002, o que pode (ou não) influenciar na qualidade de seus filmes futuros. O diretor tem um filme previsto para estrear ainda este ano, protagonizado por Emma Stone e Joaquin Phoenix, que se chamará Irrational Man e um projeto para um seriado de TV, ainda sem título, para 2016. Fica aí a dúvida: será que Woody Allen ainda tem seu controle de qualidade tão afiado como era antes, ou já está apelando pra uma fórmula para o resto de suas obras sem se preocupar em arriscar novos caminhos e fazer algo novo?

segunda-feira, 2 de março de 2015

Cekaj me, ja sigurno neću doći (2009)

(Obs: filme sem título no Brasil)


Cekaj me, ja sigurno neću doći  ("Espere por mim, e certamente não virei", tradução livre)
Diretor: Miroslav Momcilović
90 min

Alek (Gordan Kicić) está deprimido pelo término de seu namoro com Teodora (Milica Mihajlović) e mergulhado em sua depressão tenta de todas as formas recuperar seu relacionamento, ignorando as necessidades do amigo Bane (Miloš Samolov) que acabara sozinho após a morte do pai e abandono de sua mãe, que partiu em busca de um antigo amor. 

O filme narra a trajetória de um grupo de conhecidos que moram margeando um rio em Belgrado, contando duas histórias paralelas que se entrelaçam pelos casais nelas contidos. A narrativa, em sua maioria cômica, não deixa de explicitar o teor dramático vivido pelos personagens secundários, como Bane e sua mãe.

Destaque para a atuação de Miloš Samolov, que representou satisfatoriamente suas partes engraçadas, passando pelas que atribuem nervosismo e as que provocam lágrimas.O personagem de Gordan Kicić, Aleksandar (Alek), sofre um amadurecimento forçado durante a trama, visto que inicialmente poderíamos esperar sempre as partes mais cômicas do filme com sua aparição. Mas suas últimas cenas foram sérias o bastante para atribuir um final satisfatório de sua participação. A última cena é narrada por uma personagem de pouquíssima exploração, que se torna importante na última hora. E as sequências mostram o que foi feito de cada núcleo enquanto ouvimos um parágrafo sobre reprodução marítima retirada de um livro de Bane. 

A trilha sonora, em sua grande parte instrumental, contrasta sons típicos da música popular sérvia com
raps e hinos de torcida da Zvezda, os dois últimos cantados pobremente por um personagem em cenas cômicas. Culturalmente, o filme expõe os estereótipos locais todos de uma vez, talvez propositadamente, em uma cena em que um mendigo dá uma "aula" de como se recuperar de uma fossa, onde além de recomendar a ingestão de muito Brandy (conhaque típico sérvio) aconselha outras loucuras do tipo que diríamos "só os eslavos...".

O longa mostra as várias fases e consequências do amor, ou ao menos de um relacionamento, de uma forma ora muito sutil, ora muito forte.