segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Sinédoque, Nova York (2008)

Synecdoche, New York
Diretor: Charlie Kaufman
124 min



Já quero adiantar que esse filme é um filme bem específico. Talvez alguém que não tenha tido contato com a obra possa ficar meio perdido durante a leitura da crítica. Se quiser arriscar, que seja por sua conta e risco.

Caden Cotard (Philip Seymour Hoffman) é um diretor de teatro que está preparando uma nova peça, ao mesmo tempo em que enfrenta problemas pessoais. Sua esposa, Adele Lack (Catherine Keener), resolveu deixá-lo para morar em Berlim, levando consigo a filha Olive (Sadie Goldstein). Madeleine Gravis (Hope Davis), sua terapeuta, aparenta estar mais interessada em divulgar seu best seller do que em ajudá-lo. Preocupado com a vida e seu estado de saúde, cada vez mais debilitado, Caden decide reunir um grupo de atores em um armazém de Nova York. Lá ele pode enfim dar vazão à sua criatividade, buscando uma peça que seja cada vez mais um paralelo de sua própria vida. (AdoroCinema)

Antes de tudo, quero agradecer ao Álvaro pela indicação. Já estou no aguardo de outras.

Vamos lá.

O trabalho do diretor aqui é bem interessante. Ele assina roteiros de filmes incríveis, como Adaptação (2002), Quero Ser John Malkovich (1999) e, de um dos meus favoritos, Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças (2004), mas esse foi seu primeiro (e único, até agora) trabalho como diretor de cinema, de acordo com o IMDb. O trabalho de Kaufman aqui é bem interessante de ser analisado. Ele abordou um assunto que pode nem passar na cabeça de muitos. O "despertar" que o filme dá sobre o tema, ainda mais da maneira que foi feito, é muito delicado, e foi muito bem explorado. Uma obra que surpreendeu bastante, ainda mais prum primeiro trabalho.

Esse filme é extremamente particular. Daqueles que cada um têm uma interpretação diferente do outro, daqueles que a gente pode passar horas após o filme discutindo sobre o tema levantado no filme. E é muito curioso responder as perguntas levantadas no filme, até porque algumas nem tem resposta. O filme se questiona até que ponto a arte pode imitar a vida, ou com que proporcionalidade isso pode acontecer. Mostra o quanto que a arte pode interferir na vida de uma pessoa, mostrando aspectos positivos e negativos de tal fato. Mas o diferencial do filme é esse: quem deve decidir o que é benéfico e o que é maléfico aqui é você, espectador. Não espere um filme mastigado e com todas as informações que você precisa logo de cara.

Em algumas cenas o filme assume um caráter bem niilista. Ele bate muito na tecla de que todos os seres humanos estão fadados à morte (o que é verdade). Mas a interpretação dos personagens sobre o assunto é bem diferente, então a variabilidade de opiniões é bem grande, o que é sempre um ponto positivo. Quer dizer, porquê te jogar numa opinião só, quando se pode expor várias visões e você mesmo ter a liberdade de escolher o que julga mais correto?

Nem precisa falar da incrível atuação do Philip Seymour Hoffman, né? Ele está incrivelmente bem aqui. Foi realmente uma perda muito grande pro mundo do cinema. A construção do personagem dele é fantástica, o que com certeza exigiu muito dele. A necessidade do protagonista de registrar sua história foi muito bem explorada. E de resto, todo mundo se sai muito bem aqui.

É difícil falar de aspectos técnicos desse filme. Até mesmo pelo motivo de que ele não é pra ser analisado desse jeito. Mas se a algo que eu posso dizer que contribuiu muito para a narrativa da história, é que o diretor conseguiu impor um estilo no filme. As cenas, principalmente no início do filme, são bem diretas, bem objetivas, e raramente com cores sem muito brilho, saturação.

Eu sei que não fui muito claro, mas se tem algo bem certo em relação a esse filme é: assista Sinédoque, Nova York se acha que você está precisando de uma "sacudida" na sua vida. De alguém que te pegue pelos ombros e fale "WAKE UP, DUDE!". Se acha que precisa de uma nova perspectiva da arte, ou da vida. Ou dos dois. Vale a pena assistir, é um ótimo filme, mas vá bem preparado. Não diria que ele é um filme forte, um "soco no estômago" ou coisa assim, mas que, com certeza, pode dar uma nova visão das coisas.

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