sábado, 21 de fevereiro de 2015

Selma - Uma Luta pela Liberdade (2014)

Selma
Diretora: Ava DuVernay
128 min



Cinebiografia do pastor protestante e ativista social Martin Luther King, Jr (David Oyelowo), que acompanha as históricas marchas realizadas por ele e manifestantes pacifistas em 1965, entre a cidade de Selma, no interior do Alabama, até a capital do estado, Montgomery, em busca de direitos eleitorais iguais para a comunidade afro-americana. (AdoroCinema)

Eu sempre achei a história dos negros estadunidenses no início do século XX uma coisa fascinante. Para ser mais honesto, sempre achei a história negra muito interessante. E a abordagem de Selma para essa situação é uma abordagem que eu nunca havia visto em nenhuma outra obra cinematográfica. O filme aborda, principalmente, o anseio negro aos simples direito do voto de uma forma grandiosamente interessante.

David Oyelowo não ter sido indicado ao Oscar de melhor ator foi uma tremenda injustiça por parte da academia. Ele representa com perfeição toda força, todo o cansaço, toda carga emocional depositada no personagem. É um personagem que cresce bastante durante as duas horas de filme. Esse crescimento é muito bem demonstrado, tanto em seus discursos motivacionais, quanto em sua relação com sua mulher Coretta, interpretada por Carmen Ejogo de uma maneira simples, mas bem profunda. O filme retrata muito bem a relação de King com o resto da população negra. Fica claro que King os via como irmãos, era uma relação muito pura, que o filme mostra com excelência.

Ainda sobre atuação, a ex-apresentadora Oprah Winfrey faz um papel coadjuvante no filme, que não aparece muito, mas sempre rouba a cena quando está presente. Tem uma cena em especial, que é uma das mais impactantes de toda a obra, devido ao show dado pela atriz. Não é a sua primeira aparição em uma obra cinematográfica, mas é, com certeza, a melhor. Merecia, até mesmo uma indicação ao Oscar.

Temos aqui uma palheta de cores limitada e voltada para cores como preto e marrom, ou tons mais
escuros de algumas outras cores, nas cenas em ambientes internos e bastante luz nos ambientes externos. Muitos objetos de madeira são espalhados pelos diversos cenários da obra, o que dá uma sensação bem legal. O filme não tentou contrastar suas cores com a cor negra, e, por mais simples que isso pareça, deu um resultado bem legal.

A direção do filme, que está nas mãos de Ava DuVernay, é  incrivelmente precisa e objetiva. Há, inclusive, uma cena envolvendo uma fumaça que é extremamente bem dirigida. A diretora marcou sua característica no filme, que resultou numa direção controlada e consciente. É uma direção que casa muito bem com a genialidade do roteiro do filme, que sempre mostra que o pensamento que permeava a maioria das mentes, principalmente da parte branca da população, é extremamente irracional.

Selma foi o filme mais esnobado do Oscar 2015, indicado apenas a Melhor Filme e Musica Original, com Glory, de John Legend. Com certeza, merecia uma indicação a melhor ator (David Oyelowo), trilha sonora, roteiro e direção, e uma indicação poderia sim ser dada a Oprah Winfrey, como atriz coadjuvante. Mas não podemos fazer nada em relação a isso... Porém continua sendo um filme necessário, que levanta um debate de até quando o preconceito e a descriminação vão durar. Assista Selma na primeira oportunidade que tiver, e não tenha medo de ir com bastante sede ao pote.

Viva o povo negro. Viva a liberdade.


Welcome to the story we call, "Victory"
The coming of the Lord
My eyes have seen the glory.

Glory (John Legend feat. Common)

2 indicações ao Oscar 2015, incluindo "Melhor Filme"

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